Um Amor de Malandro.

Um outro malandro da cidade
Veio me dizer que o amor acabou
Que  ficou procurando até  tarde
Nas ruas, sambas e boates
e não encontrou.

Eu queria discordar
Mas o amor que quero encontrar
Ainda não me achou.

Não sei se procuro errado
Choro calado
Passo as noites acordado
Escutando Jorge Ben.

Não ama porque é malandro?
Ou é malandro porque nunca amou ninguém?

Mas o que, que tem?
Se todo mundo tem,
Os malandros querem amar também.

Quatro Urubus

Quatro urubus engravatados saltam

De um taxi fretado e pago pela união

 

Eles querem comer carniça

Com dinheiro de quem precisa

E não tem nenhum tostão

 

São só mais quatro abutres

Impunes aclamados e salvos

Pelo seu deus pagão.

 

São vampiros, bandidos

Se alimentam do sangue

Vermelho tinto, banhado de sol,

poeira e carnaval.

Boa noite

Boa noite,
ela me disse antes
de fechar a porta.

Eu espera um bom dia
talvez um boa tarde.
mas nunca um boa noite.

Na noite que a gente se conheceu
na noite que a gente se perdoava
na noite a gente se esquentava

E na noite ela se despediu.

Justo naquela noite?
que eu tinha novidades,
queria matar saudades,
fazer viagens.

Mas ela partiu.

 

Ei,

Agora vai,

não tem como mudar

vai dar certo!

Mentira!

A porta bateu

na cara

outra vez.

Tira essa fantasia

mostra tua cara

só assim

você vai vencer.

já é meio dia

lava o rosto e vai pra rua

volta…

deita

e

chora.

 

 

JUSTO?

Justo pros justos

Tem que dar errado

O sorriso falso mascara

O abraço apertado,

Risadas, elogios, conversas

Esquecimento, solidão

O justo mais uma vez

Volta sozinho,

Cumpriu sua missão

Quisera eu ter um teto pra chamar de lar

Longe do frio, do medo, do só

Queria poder trancar a porta quando

Meu pior inimigo me chamar,

Quisera ter um colo para deitar,

Uma mão para apertar,

Um tchau para dar,

E um lugar para voltar.

Quisera ter um casaco,

Que não aquece o frio,

Ameniza somente o vazio,

Esquenta o coração.

Tira a solidão

E não diga que não…

Aquece a alma… 

Voar

Acordei um dia

Abri a janela e voei

Brinquei com os pássaros

Um deles me tornei

De cima dos prédios

a rua observava

Via tanta gente triste

mas a alegria se destacava

Quando o Sol queimava

Eu tinha as nuvens

Pra me refrescar

Mas o que eu mais gostava

Era ela olhar

Que quando passava

Tudo se iluminava

Quando sorria

Até os pombos

Se acalmavam  

E teu olho

Quem olhava se encantava

E parecia que no céu estava

O sujeito que ela olhou

Ai já não sei se voei

Se essa história é verdade

Ou se no olho dela eu olhei

e tudo se desencantou

Olhos de vida

Já tinha se passado alguns anos da despedida, e por um acaso o nosso encontro informal botou em dia na minha mente todas as histórias daquela vida que poderíamos ter tido juntos, foram tantos jantares, piqueniques, teatros, almoços de domingo, frios no inverno, pneus furados…  que  foram perdidos como roteiros sem atores e diretores.

Ela continuava linda, muito diferente porém muito bela, a vida lhe deu postura, seriedade e responsabilidade, mas os seus olhos juvenis exalando vida continuavam os mesmos, e que olhos, os únicos que me fizeram voar até hoje, olhos que tinham tanta vida que esqueciam que eram olhos por tantas vezes eles falaram, gritaram, choraram, sorriram…

E eu o mesmo, porém tinha perdido a auto confiança da juventude e talvez por isso não tenha ido falar com ela, só observei, e outros momentos ficaram perdidos no ar. Ela pagou sua conta virou de costas e se foi com a mesma postura que havia chegado, talvez não me viu ou não reconheceu.

Não foi porque não tinha de ser, era o que eu tentava me convencer.                                                                                                                                                                                                                    Esse amor sei que nunca acabou, porque nunca começou.